Fronteira entre Corumbá e Bolívia registra apreensão de mais de 700 kg de drogas no primeiro semestre

julho 31, 20256:00 am

A extensa faixa de fronteira entre Corumbá e a Bolívia continua sendo um desafio para as autoridades brasileiras no combate aos crimes transfronteiriços. Entre 1º de janeiro e 15 de julho deste ano, a Receita Federal, responsável pela fiscalização aduaneira, apreendeu 708,85 kg de drogas na linha internacional entre os dois países.

De acordo com balanço divulgado, a maior parte das apreensões corresponde à cocaína. Foram 245 kg, resultando em um prejuízo estimado de R$ 12,25 milhões ao crime organizado. Em seguida, aparecem 204,5 kg de pasta base (R$ 5,1 milhões), 133,3 kg de skunk (R$ 9,9 milhões), 114,2 kg de maconha (R$ 4,1 milhões) e 12,3 kg de haxixe (R$ 1,47 milhão).

Cocaína foi a droga mais aprendida no primeiro semestre pela Receita FederalSomadas, todas as apreensões de entorpecentes representaram um impacto de R$ 32,9 milhões nas finanças de grupos criminosos.

A delegada da Alfândega da Receita Federal em Corumbá, Flávia Reinaldo Mesquita, destaca que a extensão da fronteira terrestre impõe desafios significativos à fiscalização. Ela afirma que as operações estão sendo intensificadas e que há aumento nas apreensões, exigindo investimentos contínuos em tecnologia e recursos humanos.

Trilha clandestina fechada na fronteira com a Bolívia por força-tarefa no começo de julho“A Receita já fechou 12 acessos clandestinos, conhecidos como ‘cabriteiras’, e removeu câmeras de vigilância instaladas por criminosos, o que mostra o nível de sofisticação das operações ilícitas”, ressaltou a delegada.

Integração

A Receita Federal também tem atuado em conjunto com outras forças de segurança para combater o contrabando e o tráfico de drogas na região. Em janeiro, foi realizada a “Operação Barba Negra do Pantanal”, com apoio da Polícia Civil e do Exército, que resultou na apreensão de milhares de produtos falsificados comercializados no centro de Corumbá.

Outro destaque foi a operação que interceptou uma aeronave apelidada de “Frankestein”, que seria usada no transporte aéreo de cocaína. A ação ocorreu em março, em parceria com a Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar). Já em abril, a Receita apreendeu 15.544 pares de tênis falsificados, destinados ao comércio local.

Em junho, uma das maiores apreensões do ano: 25 mil litros de éter, insumo químico usado na produção de cocaína. A carga, que seria exportada clandestinamente, seria suficiente para a fabricação de 25 toneladas da droga.

Flávia Mesquita destaca que a Receita tem investido em tecnologias como drones, câmeras de vigilância e ferramentas de análise de dados para monitorar áreas vulneráveis. “As operações integradas com outras instituições mostram uma abordagem mais eficaz e abrangente no combate ao crime transfronteiriço”, afirmou.

Diversos produtos irregulares foram apreendidos na região de fronteiraAlém das drogas, outros produtos contrabandeados também foram alvos das ações da Receita Federal no primeiro semestre. O prejuízo causado ao crime por essas apreensões é estimado em R$ 8,04 milhões.

Entre os itens apreendidos estão: produtos perecíveis (R$ 15,5 mil), gás de cozinha (R$ 783,5 mil), vestuário (R$ 281,5 mil), eletrônicos (R$ 244 mil), medicamentos de uso humano (R$ 177,6 mil) e diversos produtos (R$ 6,5 milhões).

O contrabando de cabelo humano também chamou a atenção, com apreensões que somam R$ 11,7 mil. Já entre os itens de origem animal e vegetal, destaca-se a apreensão de fetos de lhamas taxidermizados, transportados irregularmente, geralmente por ônibus clandestinos com destino a São Paulo.

O transporte desses fetos está ligado a práticas culturais bolivianas, como o costume de enterrá-los na entrada de casas como símbolo de boa sorte. O crescimento nas apreensões também pode estar relacionado ao fato de 2024 ter sido proclamado pela ONU como o Ano Internacional das Lhamas para destacar a importância do animal na economia e cultura de 90 países, incluindo a Bolívia, que tem mais de 3 milhões de lhamas, alpacas, vicunhas e guanacos.

Para a Receita Federal, Corumbá é um município considerado ponto estratégico no combate ao crime transnacional e um verdadeiro laboratório de técnicas avançadas de controle alfandegário. A diversidade dos produtos apreendidos revela a criatividade dos contrabandistas e a necessidade de manter uma fiscalização ampla, integrada e constante.

“Esses dados representam tanto um sucesso operacional quanto um indicativo da pressão permanente sobre essa fronteira. O combate ao crime organizado exige ações coordenadas, investimentos em inteligência e vigilância contínua”, finalizou a delegada da Alfândega, Flávia Mesquita.

Fonte: Diário Corumbaense

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