Medicina em Corumbá custa R$ 10 mil e alunos reclamam que falta estrutura
junho 25, 202110:44 amGrupo formado por 55 estudantes de Medicina da Unicesumar, instituição privada de ensino instalada em Corumbá, reclamam que a estrutura do curso oferecida até agora tem sido deficitária e estaria causando prejuízo a eles. A mensalidade que cada um paga, em média, é de R$ 10.200. Mesmo com todo esse investimento que os alunos estão realizando, a comissão sustenta que a instituição ainda não está entregando o que deveria e também não mantém canal de comunicação para que os universitários possam discutir os problemas.
A comissão que foi formada para reclamar da situação tem todos os alunos aprovados para a segunda turma do curso de Medicina e outros quatro da segunda turma. O grupo ainda relatou que outra preocupação que têm é que a Unicesumar já prevê abrir mais vagas para um novo vestibular. Com mais alunos no câmpus, os atuais estudantes entendem que a deficiência pode ficar maior.
Nesta semana, a comissão reuniu-se dentro da Unicesumar, que ocupa prédio no Centro de Corumbá, para tentar conversar com a direção local da instituição. Essa foi a segunda tentativa de diálogo, segundo eles, que não foi atendida. O grupo chegou a se sentar na porta da diretoria para aguardar a reunião no período da manhã do dia 22, mas não conseguiram êxito em conversar com algum responsável.
Os estudantes, alguns deles são de Corumbá, mas há também pessoas de outras partes de Mato Grosso do Sul e de outros Estados, decidiram manifestar-se oficialmente por meio de nota.
“São vários pontos deficitários e de falta de estrutura. Há falta de professores, a instituição está desorganizada e não são claros com a gente. Existe escassez de livros, não temos peças anatômicas reais, há profissionais despreparados, atraso em aulas práticas, a coordenação do curso fica em Maringá (PR). Pagamos R$ 10.200 para isso. E está abrindo vestibular para mais turmas. Hoje temos número de salas insuficientes para as duas turmas. Tem também transferência aberta até para alunos do exterior”, detalharam os universitários, que prometem realizar manifestações caso não haja mudança por parte da Unicesumar.
A comissão também apontou que existe outro problema relacionado aos alunos que dependem do Fies (Financiamento Estudantil). Tem pessoas indo para o terceiro aditamento desse financiamento, porém ainda está realizando aulas do primeiro semestre. O atraso nas aulas em relação ao período do ano letivo preocupa porque pode faltar aditamente no futuro, caso essa disparidade continue.
Outro lado
A Unicesumar pondera as críticas que foram feitas. A instituição divulgou nota para se defender.
1- Os professores estão qualificados para o exercício do magistério superior, sendo que 55% são Doutores/Pós-Doutores e 27% são Mestres;
2- O quadro docente da escola está escalonado de acordo com as diretrizes do MEC e novos professores são contratados à medida em que ocorre a progressão de série;
3- O acervo da Biblioteca está adequado ao número de alunos e à série em execução, seguindo as normativas do MEC. Além disso, a escola conta com uma vasta Biblioteca Virtual, na qual o aluno pode acessar inúmeras obras ao mesmo tempo, de diversos dispositivos (celular, tablet, computador);
4- O espaço físico da Biblioteca está dimensionado de modo a suportar alunos desde a 1ª até a 3ª série;
5- Não há a obrigatoriedade de peças anatômicas naturais para que as aulas e o aprendizado em anatomia humana sejam significativos, uma vez que contamos com o recuso de modelos anatômicos sintéticos de última geração, além de uma plataforma digital que nos permite dissecar virtualmente um cadáver.
Esta ferramenta também possibilita simulação de alterações patológicas como fraturas ósseas, desenvolvimento de tumores, comparação entre o modelo anatômico digital em 3D com exames de imagem reais (radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética). Isso é um grande diferencial do ensino em anatomia humana entre as escolas médicas brasileiras. Estamos constantemente avaliando a progressão do curso e conforme as novas necessidades, novos investimentos são feitos. Sempre priorizando inovação e tecnologia.
6- Não houve atraso na oferta de aulas práticas, em que pese as medidas impostas pela pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 (covid-19), as mesmas ocorrem de acordo com o cronograma proposto;
7- Há toda uma estrutura acadêmica pedagógica pronta para atender todas as necessidades especificas dos alunos de medicina;
8- A Direção do Campus de Corumbá está sempre disponível aos alunos, docentes e colaboradores.
O curso de Medicina
O curso de Medicina em Corumbá foi autorizado pelo Ministério da Educação (MEC) em junho de 2020. A UniCesumar divulgou que fez investimento aproximado de R$ 35 milhões na sua unidade na cidade, envolvendo entre compra de equipamentos e na construção do campus em um terreno de 28 mil m² doado pelo município, por meio da Lei nº 2.702. A construção ainda não foi iniciada.
A construção terá aproximadamente 7 mil m². Enquanto ela não é concluída, a UniCesumar está atendendo em prédio preparado para as atividades, localizado no Centro da cidade.
“A Comissão de Acompanhamento e Monitoramento de Escolas Médicas do Ministério da Educação (CAMEM/MEC) avaliou todo o processo de implantação da Faculdade de Medicina pela Unicesumar em Corumbá. A Comissão tem a finalidade de monitorar e acompanhar a implantação e a oferta satisfatória dos cursos de graduação em medicina nas Instituições de Educação Superior (IES), juntamente com a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior. O curso foi credenciado dentro dos mais rígidos parâmetros exigidos pelo MEC”, afirmou a instituição de ensino, em nota.
Medicina da Unicesumar em Corumbá foi aprovada e autorizada com conceitos máximos, conforme a instituição. Foram avaliados estrutura física de salas de aula, os laboratórios, a biblioteca e os espaços de convivência. Essa estrutura disponível atende até o 3º ano do curso. São seis séries ao todo.
Fonte: Correio De Corumbá